Texto 05 : Aproximación a la literacidad crítica

Em "Aproximación a la literacidad crítica" , Cassany e Castellà(2010) ,discutem a necessidade de se promover um processo de alfabetização de modo crítico ,eles ,a princípio, questionam como o termo e suas variações (alfabetização,letramento...) são tratados em algumas línguas de modo reducionista. Em seguida, os autores refletem sobre a necessidade de se promover um processo de alfabetização de modo amplo e conjunto ,em que não haja um olhar sistemático do processo de construção do aprendizado e sim uma construção pautada em vivências e práticas sociais . Os autores vão buscar nas discussões da Escola de Frankfurt as bases para um pensamento educacional crítico (se é que posso chamá-lo assim?!),concomitante aos pensamentos da escola alemã vem também toda aquela turminha da Análise do Discurso Crítica (Fairclough ,Wodak ,van Dijk & cia ) que juntamente com filósofos da linguagem (Wittgenstein e Austin) vão dar base para a questão do agenciamento dos sujeitos sobre / na linguagem : "teorizan, respectivamente, sobre la naturaleza representativa, contingente y agentiva del lenguaje, y de los estudios antropológicos y etnográficos sobre el discurso" ( CASSANY e CASTELLÀ, 2010 ,p.364) . Bem ,partindo dessa brevíssima explanação , os autores estão nos propondo ,ao menos essa é uma leitura que eu fiz, o que a professora Sophie Bally nos falou na aula do dia 21/03 , uma Ecologia dos saberes ,em que os meus métodos como docente são válidos ,mas eu preciso primeiramente desconstruir(bem do modo ''derridiano'') os sujeitos sociais e desconstruir as práticas que estão arraigadas aos sujeitos em questão (docente e discente), para assim, construir um aprendizado crítico,leitores críticos ,empoderados que saibam o que há por trás das linhas que engendram os discursos que  circulam nas esferas sociais .
Eu fiquei muito encantada com tudo que Cassany e Castellà abordaram nesse artigo,porém ,eu fiquei me perguntando ,e é algo que eu peço até o auxílio de vocês nessa questão ,como nós docentes e discentes podemos desconstruir e trazer mais para dentro das nossas salas de aula ,esse teor crítico que tanto os autores martelam e defendem no artigo se nós ainda estamos sob o julgo do modelo cartesiano(sistemático, metódico...) de ensino ?
Ps :Gente, não nego que práticas de letramento de resistência estão acontecendo a todo momento pelo Brasil e quiçá pelo mundo,mas ,sinceramente ,não consigo ver esse movimento tomando força dentro das escolas públicas e particulares ... É difícil,digam-me o que vocês pensam?
***Espero que minha leitura do texto esteja coerente e acessível,sou nova nessas questões de fórum,então, perdoem qualquer discrepância .

Oi, Ingrid! Nas escolas públicas, como professora da SEDUC-CE, ainda vejo um tímido movimento de resistência e de, pelo menos, tentativa de se levar ao ensino os conceitos de Multiletramentos e de letramento crítico. No entanto, pelo que percebo no discurso dos colegas professores da rede privada é mais difícil isso chegar à sala de aula até pelos ditames do capitalismo e da flexibilização e da exploração da mão-de-obra docente, infelizmente.

Boa noite, caros (as) colegas,

De acordo com uma perspectiva crítica, o significado do texto deve ser construído em contextos sociais, políticos e culturais, promovendo uma interpretação mais ampla, ou seja, não se deve limitar ao que está posto na superfície. No entanto, muitos alunos entendem como interpretação identificar o que o texto “quis dizer”.  
Enquanto professor da educação básica, vejo que o letramento crítico têm-se tornado cada vez mais complexo, considerando que os alunos chegam ao fundamental II com sérios problemas de alfabetização que, muitas vezes, dificultam a compreensão de questões literais de um texto.

Bem ensinei turmas do primeiro ano do ensino médio e percebi o quanto a criticidade dos alunos está ausente... Na verdade temos grandes problemas com atividades simplórias como interpretar uma tirinha ou textos que carregam alguma ironia.
Se o texto não aborda um assunto que os alunos julguem interessante o papel do professor de estimular os questionamentos se torna ainda mais difícil...

Bom dia, colegas!

Concordo com Tércio e Tatiane quanto à questão da interpretação e da criticidade. Não tenho experiência no ensino básico, mas tenho na produção de materiais didáticos impressos. É muito comum ver neles exercícios que guiam o aluno para interpretar apenas o que o texto quis dizer, amarrando as possibilidades de extrapolação e reflexão daquele texto. Infelizmente, em contextos de educação privada, esse modelo cartesiano de educação, como a Ingrid classificou, ainda é muito forte, muito pela exigência das escolas, que, por diversos motivos, resistem a trabalhos mais críticos. Em tempos como esses em que estamos vivendo, é importante que incentivemos, como professores, alunos, produtores de material didático, esse pensamento crítico, de modo que o aprendiz possa enxergar na aprendizagem de leitura e escrita uma possibilidade de agir no mundo e transformá-lo. Acho que em muito podemos contribuir como pesquisadores produzindo trabalhos que ressaltem cada vez mais essa educação libertadora.

Boa noite!

Quanto a esse letramento crítico, tento - mesmo que a passo lentos, mas com vontade - despertar em meus alunos essa consciência de que é necessário extrapolar as linhas do texto. Eu digo para eles que a gente tem que relacionar o que está escrito, seja que tipo de texto/gênero for, mas é preciso relacionar com o nosso dia a dia, é preciso refletir sobre o que está posto e/ou subtendido no texto. Percebo que eles têm uma imensa dificuldade, e como disse os demais colegas, só conseguem perceber elementos explícitos que permeiam a construção textual. No entanto, continuo tentando, uma hora eles passarão a compreender o texto como uma construção de sentidos explícitos e implícitos que se correlacionam com nossas práticas sociais.

Como disse em outro comentário, este ano mudei o livro didático da escola, e de certa forma, os autores exploram todos essas questões que intensificam a criticidade do aluno.

Mas a verdade é que as escolas, de forma geral, estão cada vez mais preparando para o ENEM e para os vestibulares, "treinando" inclusive os alunos com provas de marcar (Lamentável). Desse jeito, a leitura crítica perde cada vez mais espaço, se é que ela teve um dia espaço, de fato.